Por: Míriam Morata Novaes
A proposta inicial deste projeto é contribuir na busca de soluções, para dois grandes problemas – de um lado, o déficit habitacional e, de outro, os impactos negativos da construção civil, cada vez mais significativos, tanto em termos qualitativos, quanto em termos quantitativos, sobre o meio ambiente.
Para tanto, no primeiro momento, desenvolveremos o projeto Arquitetônico de uma Casa popular, onde serão utilizados materiais de construção e tecnologias de baixo custo que possibilitem:
- menor impacto ambiental;
- redução do consumo de energia;
- redução do consumo de água;
- melhoria do conforto térmico;
- redução e minimização de resíduos;
- saneamento eficiente;
- paisagismo produtivo.
O segundo passo desta pesquisa sugere a construção de um protótipo, no campus da UNICAMP, onde o protótipo habitacional será avaliado à luz de normatização nacional e internacional de desempenho quanto à durabilidade, conforto térmico e acústico, resistência mecânica e em situação de incêndio. Materiais e tecnologias construtivas, sugeridos no projeto arquitetônico e executivo, nesta fase, serão viabilizadas ou readequadas em função dos resultados obtidos.
A continuidade do projeto sugere o monitoramento do desempenho do protótipo, pelo período de um ano, no que diz respeito à eficiência dos materiais e tecnologias propostos.
3. Problema
Estamos diante de uma crise civilizatória, somos parte de uma economia global e estamos alterando o ecossistema da Terra, o clima da Terra.
O impacto dessas mudanças serão devastadoras, principalmente para a população de baixa renda, que constrói em áreas vulneráveis, como encostas e beira de córrego, sujeitas a inundações e deslizamentos.
Para situar um pouco melhor, esse cenário apresentamos alguns dados:
- Déficit habitacional
De acordo com o 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Milênio, em 2008, o déficit habitacional estimado era de 5,8 milhões de domicílios, dos quais 82,2% estavam localizados em áreas urbanas. Sendo que, 89,2% do déficit habitacional incidindo sobre a população com renda média familiar mensal até três salários mínimos.
(Fonte: Ministério das Cidades/Secretaria Nacional de Habitação; elaborado pela Fundação João Pinheiro, com base nos microdados da PNAD/IBGE 2008.)
Moradias precárias fazem parte do problema, domicílios improvisados, barracas, prédios em construção, casas em favelas são contabilizadas.
Segundo a prof. Raquel Rolnik, relatora especial para o Direito à Moradia da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma das maiores autoridades mundiais em moradia.
“(…) A primeira consideração que temos que fazer é definir o que é casa boa. Então, acho melhor definir isso como moradia adequada. O que é isso? Não é só a casa com parede, teto, banheiro com azulejo. A moradia adequada é um lugar a partir do qual o cidadão passa a ter satisfeitas as necessidades básicas e fundamentais de subsistência nas cidades com dignidade. Então, isso significa estar em um lugar que permita ter espaço público, lazer, escola, saúde, empregos e, também, que permita andar livremente e com segurança.”
- Impacto meio ambiente
“(…) as culturas de consumo estão por trás daquilo que Gus Speth denominou a “Grande Colisão” entre um planeta finito e as demandas aparentemente infinitas da sociedade humana. Mais de 6,8 bilhões de seres humanos estão hoje exigindo quantidades cada vez maiores de recursos materiais, dizimando os ecossistemas mais ricos do mundo e despejando bilhões de toneladas
de gases que bloqueiam o calor na atmosfera ano a ano. Apesar de um aumento de 30% na eficiência de recursos, o uso de recursos globais aumentou 50% nos últimos 30 anos.”
(O Estado do Mundo 2010 – Lester Brown)
As atividades relacionadas à construção civil são as maiores responsáveis pela degradação ambiental, que ocorrem por meio do consumo excessivo de recursos naturais, pela demanda por matéria prima industrializada e pela geração de resíduos. O setor é atualmente um dos maiores causadores de impactos ambientais, consome 75% dos recursos naturais extraídos, gera 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e, devido à queima de combustíveis fósseis, sua cadeia produtiva contribui de forma significativa para a emissão de gases de efeito estufa (GEE), como o CO2, também responde por 40% do consumo mundial de energia e por 16% da água utilizada no mundo.
“A questão não é‚ o quanto consumimos,
mas como produzimos o que consumimos.”
(O Estado do Mundo 2010 – Lester Brown)
4. Objetivo
O objetivo da pesquisa é estudar alternativas de projeto, materiais ecológicos e equipamentos energeticamente eficientes, para habitação popular e, assim, oferecer uma opção de moradia para comunidades carentes, de baixo custo, de qualidade e integrada harmoniosamente ao meio ambiente.
Entendemos como material ecológico, aquele que utiliza matérias-primas naturais renováveis, obtidas de maneira sustentável ou por biotecnologia não-transgênica, bem como a reciclagem de matérias-primas sintéticas por processos tecnológicos limpos. Equipamentos eficientes, não-poluentes, que utilizem tecnologias limpas ou renováveis (como sistemas de energia eólica, solar, para conversão de biomassa em energia) capazes de atender a demanda por energia, sem esgotar os recursos naturais ou alterar drasticamente a geografia dos ecossistemas.
A casa de 52.00 m2 – dois quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço coberta; foi projetada com os seguintes parâmetros básicos:
- coleta e reutilização de água da chuva para descarga do vaso sanitário e irrigação do jardim
- materiais de construção naturais, recicláveis e de fontes renováveis, que produzam menor impacto ambiental, disponíveis localmente;
- tratamento local de esgoto doméstico;
- desenvolvimento de projeto que possibilite a autoconstrução ou, a construção através de sistemas de mutirão;
- sistema de aquecimento de água por painéis solares
4. Justificativa
Criar projetos voltados para a sustentabilidade; testar novos materiais e tecnologias eficientes, que proporcionem moradia digna para a população de baixa renda, e apontar soluções para as questões do déficit habitacional e da degradação ambiental, são as molas que impulsionam este projeto.
- 5. Metodologia de trabalho:
No primeiro momento, pesquisa bibliográfica para criação de projeto arquitetônico de casa popular, utilizando como referencial teórico conceitos de permacultura e bioarquitetura.
A partir do projeto pronto, a metodologia utilizada será a investigação experimental, através de análise dos resultados obtidos nos ensaios com materiais, e dos resultados práticos, obtidos com a construção do protótipo. Assim, as informações obtidas serão o referencial teórico, para a construção de um modelo de casa popular sustentável.
6. Resultados esperados
Definir parâmetros básicos para a criação de um projeto arquitetônico, de uma casa popular sustentável, no que se refere aos materiais construtivos, tecnologia eficiente e baixo custo.
Inserir essa casa em um conjunto residencial, utilizando conceitos de urbanização sustentável, para aplicar em comunidades carentes.
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Habitação de Interesse Social Sustentável
Arquiteta Míriam Morata Novaes
Arquitetura e Construção
Orientador – Prof. Armando Lopes Moreno Junior
Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
Respostas de 3
Prezada MÍRIAM,
Muito me deixa Feliz em ver o projeto de “Casa Sustentável” de vossa senhoria em ação.
Sou um Construtor de casas e prédios em LSF – Light Steel Frame da nossa região norte e vi que seu projeto se encaixa nos parâmetros da construção seca em LSF.
Onde a maioria dos materiais empregados se recicla e a natureza tem em abundância. Vou lhe referendar o aço empregado em nossas obras, onde seu manancial de exploração passa da casa dos 600 anos sem agredir o meio ambiente. Ele também favorece o não desmatamento das florestas pois a sua estrutura de telhados não trabalha sequer com um pedaço de madeira e sim com os perfiz de aço que apresentamos em nosso site.
Precisamos de apoio e patrocínio para montar a nossa unidade fabril e cultuar nas pessoas que precisamos avançar acreditando que existem valores naturais como as nossas “ÁRVORES” que demoram décadas para ressurgirem e sem mencionar o estrago que é causado na terra, rios e lagos com a sua derrubada.
Atenciosamente,
LUIZ SUZANO.
Muito interessante essa linha de pesquisa.Vocês já deram início ao estudo? Vocês vão postar os resultados da pesquisa nesse site? Grata pela atenção.Fernanda Fontes
Olá Fernanda, já iniciamos tanto a construção da casa para uma familia de Mairiporã, quanto a pesquisa do material. Tudo será publicado, para que qualquer pessoa possa se beneficiar com esse trabalho. Obrigada pela visita,
Abraço,
Míriam