Ponto de partida: eu sou a primeira casa.

Preciso me construir com tijolos de qualidade.
Mas, o que é qualidade?
Dependemos de uma série de nutrientes que vêem da terra com propriedades protéicas, sais, etc (vegetais, minerais, etc). Precisamos nos alimentar com algum equilíbrio – sou um microcosmo.
Mas a alimentação que nos propomos é correta?
O que a indústria alimentícia embala com tanto requinte é qualidade?
Sua química colabora com o nosso crescimento?

Segundo passo: de onde vêm as substância de que nos nutrimos?

Somos filhos da Terra e retiramos todas as substâncias da crosta terrestre.
Da pele do planeta retiramos a pedra, o barro, a palha, a madeira, etc.
Mas quais materiais existem no mercado? Milhares de materiais de origem petroquímica.

Entre as diferenças na escolha dos materiais, podemos dizer que:
– os materiais antigos têm uma história e os materiais novos não têm ainda uma história.
– e os arquitetos antigos desenvolviam a arquitetura dialogando com a experiência dos artesãos.

Terceiro passo: intervenção sobre a pele com humildade – não incidir de maneira a degradá-la – levantar a pele e inserir a casa.

Existe um exemplo na Áustria de uma casa construída na escavação do solo e da composição de diferentes materiais.

Mas temos que descobrir um percurso lógico na composição de materiais – por, exemplo, materiais mais pesados – como a pedra – na base, materiais mais leves e resistentes – como a madeira – como estrutura do telhado, etc.

Histórico

A ANAB nasceu há 30 anos, tendo como referências:

– a consciência do desastre da arquitetura do pós-guerra (não uma oposição à indústria da arquitetura)
– extrair da cabeça do arquiteto sua experiência prática, questionando sobre as conseqüências de sua atividade,
– a responsabilidade do arquiteto sobre a saúde de sua obra (por exemplo, o que representa o uso de uma determinada cor e pigmento: é um atentado à saúde pública?)

* É questionável o uso da expressão bioarquitetura pois:

– existe apenas a Arquitetura
– buscamos o que deveria fazer parte integrante da competência de um arquiteto e dos conhecimentos que deveriam ser a base da escola de arquitetura pois… nos últimos 100 anos ocorreu uma invasão de materiais que não faziam parte da história da arquitetura até então…

Custos

Estamos convencidos de que a casa ecológica deve ser mais barata – apesar de ser considerada muitas vezes como artigo de moda e isso tornar seu preço mais caro.

Além disso, existem os custos não compatibilizados – que decorrem do processo de extração, uso e manutenção dos materiais utilizados – que favorecem o uso de biomateriais em relação aos materiais de origem petroquímica.

Existem também diferenças quanto a expectativa de duração da casa.
Na Europa as casas são pensadas para gerações futuras (maior duração)
Nos EUA, a maior parte das casas são de madeira (menor duração)
Não sabemos qual a concepção predominante no Brasil…

Arquitetura sustentável

Na Itália a difusão da arquitetura sustentável deveu-se muito às revistas femininas. Ainda que falando de moda, elas tiveram grande papel na difusão do tema (se os truques forem para o bem, ótimo!)

Hoje, estamos discutindo uma lei sobre uso de materiais – casas em terra crua.

Siegfied Camana – Presidente da Anab Associazione Nazionale Architettura Bioecologica – www.anab.it

Transcrição da palestra, por Leonardo Mac Dowell.

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