Belo, leve e renovável, ele tem tudo para se firmar como alternativa à madeira e contribuir para uma arquitetura mais sustentável
Há milênios, esse material dá forma a casas tradicionais em países como o Japão e a China. Nos últimos anos, pesquisas na construção civil avalizaram sua resistência e durabilidade. Arquitetos do mundo todo redescobriram o bambu e passaram a usá-lo em modernas obras públicas.
A necessidade de repensar o consumo de materiais na construção para torná-la mais sustentável do ponto de vista ambiental atrai olhares para a exploração de novas alternativas. E o caso do bambu, visto como a promessa para este século. Pesquisador desse recurso há cerca de 30 anos, o professor Khosrow Ghavami, do Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ, não tem duvidas sobre seu potencial.
“Estudei 14 espécies e três delas, em especial, tem mais de 10 cm de diâmetro e são excelentes para a construção”, diz ele, referindo-se ao guadua (Guadua angustifolia), ao bambu-gigante(Dendrocalamus giganteus) e ao bambu-mossô (Phyllostachys pubescens). Todos são encontrados no Brasil, onde existem grandes florestas inexploradas de várias espécies. No Acre, por exemplo, os bambuzais cobrem 38% do estado.
De crescimento rápido (em três anos, esta pronta para o corte), essa gramínea gigante chama a atenção, a principio, pela beleza. Mas sua resistência também surpreende: de frágil, ela não tem nada. “Sua compressão, sua flexão e sua tração ja foram amplamente testadas e aprovadas em laboratório”, afirma Marco Antônio Pereira, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp, em Bauru, que mora ha dez anos numa casa de bambu.
O arquiteto Edoardo Aranha, pesquisador da Unicamp, faz coro: “Se tratado adequadamente, ele apresenta durabilidade superior a 25 anos, equivalente a do eucalipto, por exemplo”, afirma. Ele se refere aos tratamentos químicos para remover pragas como brocas e carunchos (cupins não se interessam pelo bambu).
Além do autoclave, outro procedimento comum chama-se boucherie, em que a seiva e substituída por um composto formado de cloro, bromo e boro. Submergir as varas em água durante 20 dias também produz bons resultados, segundo o pesquisador.
PROJETOS PELO MUNDO
Fora do Brasil, alguns arquitetos tem apostado no bambu em projetos públicos de traços marcantes, que conciliam natureza e tecnologia num contraste agradável ao olhar. Em Leipzig, na Alemanha, a fachada do novo estacionamento do zoológico municipal foi construída com varas de bambu presas em cintas de aço.
Perto de Madri, na Espanha, o Aeroporto Internacional de Barajas surpreende os usuários com seu enorme forro, que torna leve o visual da estrutura de concreto e aço. Em locais como esse, de uso intenso, a opção pelo material e resultado da confiança na sua durabilidade e resistência, já que manutenções freqüentes não seriam bem-vindas. Graças a tratamentos químicos, o amido e retirado, inibindo pragas que poderiam comprometer as varas. Em áreas externas, os produtores recomendam aplicar verniz naval para proteger do calor, do frio e da chuva.
Alemanha
O fechamento deste estacionamento em Leipzig, inaugurado em 2004, foi todo feito com bambu. Segundo os arquitetos do escritório alemão HPP Hentrich-Petschnigg & Partner KG, a opção não teve nada de experimental: baseou-se em pesquisas que pipocaram na Europa depois da Expo 2000 em Hannover, onde o pavilhão colombiano, desenhado pelo arquiteto Simón Vélez, empregou essa matéria-prima.
Araci Queiroz, Giuliana Capello e Marianne Wenzel
Revista Arquitetura & Construção – 04/2007
O bambu é uma planta extremamente versátil, aplicado nas mais diversas situações, desde utensílios domésticos, passando pela fabricação de papel até chegar na arquitetura.
As fibras do colmo do bambu são extremamente fortes, ao mesmo tempo em que são flexíveis, características que são transferidas quando a planta é aplicada à construção. Em algumas regiões do Peru as construções de bambu já provaram sua segurança resistindo a inúmeros terremotos, imponentes em meio às ruínas de prédios modernos incapazes de resistir aos tremores.
Além de resistente e facilmente encontrado, o bambu integra-se maravilhosamente ao ambiente.
Os povos da Ásia há milhares de anos já conhecem as inúmeras vantagens desta planta. É comum avistar em meio aos arranha-céus, gigantescos andaimes que são montados amarrando-se as varas de bambu. No Japão, empresas estão adicionando as fibras do bambu aos blocos de concreto que são utilizados na construção de rodovias, pontes, viadutos, dentre outras aplicações.
O bambu requer tratamento que possa garantir sua durabilidade e evitar o ataque de insetos e microorganismos. O tratamento convencional é realizado com a utilização de químicos que são extremamente tóxicos. Mas é totalmente possível um tratamento ecológico do bambu, os mesmos tratamentos que garantiam a resistência das construções milenares funcionam perfeitamente nos dias de hoje. O tratamento varia de acordo com a espécie, seja o tratamento com fogo, cera, água, tanino, assim como a forma de construção varia conforme a região de sua origem, encaixe, amarração, pinos, etc.
Vantagens:
– versatilidade
– resistência