Projeto Forro Vida Longa
Caixinhas de leite que sempre vão parar no lixo podem ser reaproveitadas e transformadas em isolante térmico alternativo para residências e galpões, reduzindo a temperatura no interior dos imóveis em até 8º C. A utilização das embalagens Tetra Pak pode ser feita de forma artesanal, pelo próprio morador, diminuindo os custos. Outra opção são as telhas feitas de caixas de Tetra Pak recicladas, vendidas com preços até 25% menores do que os materiais concorrentes.

A idéia de reaproveitar as embalagens de forma artesanal virou tema de estudo na Unicamp e resultou no Projeto Forro Vida Longa – uma alusão ao leite Longa Vida. O professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e coordenador do projeto, Celso Arruda, explica que a proposta partiu do engenheiro Luís Otto Schmutzler, que juntamente com professores da faculdade desenvolveu todo o processo de aproveitamento das caixinhas de Tetra Pak para uso em habitações populares. Arruda afirma que a transformação das embalagens em isolante é simples e pode ser feita por qualquer pessoa.

Como fazer:
O primeiro passo é abrir totalmente as caixinhas, descolando as emendas e fazendo um corte vertical para que a embalagem fique completamente plana. Em seguida, é feita a limpeza com água, sabão em pó e um pouco de desinfetante. Depois de secas, as embalagens devem ser coladas lado a lado, com cola branca ou de sapateiro, formando uma manta sobre a laje superior da casa, abaixo do telhado.
Para o perfeito funcionamento do isolamento térmico, é muito importante que a manta não encoste nas telhas, deixando um espaço mínimo de dois centímetros para a circulação do ar. O professor da Unicamp diz que a manta de Tetra Pak bem aplicada tem o mesmo desempenho dos placas de alumínio (foils) vendidos no mercado, ajudando inclusive na proteção contra goteiras provocadas por falhas no telhado.
A explicação está na composição das caixinhas, formadas por 5% de alumínio, 20% de plástico e 75% de papelão. O alumínio reflete mais de 95% do calor, ajudando a diminuir a temperatura interna dos ambientes em até 8º C.

Baixo custo
Para Arruda, as mantas de Tetra Pak são uma boa solução para favelas, habitações populares e galpões, já que a instalação tem custo muito baixo, não exige mão-de-obra qualificada e também não há compromisso com a estética. A idéia, no entanto, tem conquistado um público maior. Recentemente, a solução foi adotada pela arquiteta Consuelo Carleto na construção da nova unidade da fábrica de calçados Pé de Ferro, em Franca (SP). No projeto, as caixinhas foram coladas no seu formato original, sem serem desmontadas antes, para redobrar a proteção térmica nos 200 m2 que cobrem a área administrativa da empresa. “As pessoas trabalham melhor com a temperatura agradável e os gastos com ar-condicionado diminuem bastante.”

Sem ir para o lixo
Ainda há o lado ecológico, já que as embalagens que vão para o lixo levam dezenas de anos para se decompor nos aterros. Para incentivar a reciclagem das caixinhas, a Tetra Pak desenvolveu uma tecnologia para que fabricantes pudessem transformar o alumínio e plástico presente nas embalagens em telhas e chapas planas. A Ibaplac, localizada em Ibaté (SP), produz mensalmente 7 mil peças, entre telhas e placas, utilizando cerca de 100 toneladas de matéria-prima. “São telhas mais leves do que as de fibrocimento, mais duráveis e mais baratas”, afirma o diretor industrial da empresa. Eduardo Gomes.

Outras oito fábricas espalhadas pelo País fabricam esse tipo de produto. Segundo o diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak, Fernando Von Zuben, mais de 60 mil telhas são fabricadas mensalmente. “Além de garantirem conforto térmico, as telhas custam até 25% menos do que as de amianto ou fibrocimento.” A partir das embalagens, também são fabricados móveis, vassouras e uma série de produtos para casa.

De acordo com Zuben, 30 mil toneladas de Tetra Pak são reciclados por ano, mas o volume corresponde somente a 20% do total produzido pela empresa. “Todas as embalagens separadas na coleta seletiva sãorecicladas e ainda existe uma capacidade ociosa de 40% para aumentar a reciclagem”, avisa.

 

Forro com embalagem de leite



 

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Rafael Ribeiro
11 anos atrás

Ola bom dia….gostaria de saber se tem alguma empresa ou cooperativa que venda estas placas já grampeadas por metro quadrado ou algo assim?

MARTA MARIA NUNES
11 anos atrás

boa tarde,
Gostei muito tenho um galpão que é de telhas de amianto antigas e esquentam demais… queria aplicar este sistema mas fico preocupada com incêndio, por causa da fiação de luz… que é exposta.. como faço? a casa é alugada e também não tenho muito dinheiro..aguardo retorno, obrigada…

Dorothy
11 anos atrás

Boa tarde, vi uma reportagem em q foram usadas cx de leite nas paredes no sul para vedação de agua e vento, só q la as paredes sao de madeira e gostaria de saber se ha um meio de colar estas placas numa parede sem reboco, feita com tijolo bahiano e depois revestida de tintura ou textura. Se possivel indicar uma cola para isso,

grata

André
12 anos atrás

2 Dúvidas:

1ª – A parte de dentro da cx é que reflete o calor né? É essa que fica para cima ? Na última imagem a cx esta pintada de branco ?

2ª – Eu pensei em colocar entre a madeira(que sustenta as telhas) e o telhado. Será que daria certo também ?

3ª – Colocando em parede onde pega sol também teria o mesmo efeito?

Excelente dica, já add o site no favorito. Parabéns pela iniciativa.

Wilson Eduardo Canova Teixeira

Eu já separo há anos essas embalagens do longa vida como material a ser reciclado, mas aqui na minha cidade, os recolhedores não tem muito interesse por eles, dizendo que esse lixo não tem valor de mercado e que os receptadores também os rejeitam. Por isso é que no seu comentário, conta apenas 20% de aproveitamento desse valioso material.
Somente para acrescentar, dizem as estatísticas comparativas mundiais que o Brasil é um dos países que mais reciclam lixo, porém, como diria nosso querido Caetano Veloso – isso é lindo – se fosse feito por motivos eco-ambientais, mas na verdade, analisando com realismo, não é de se comemorar essa titularidade, porque, aqui no nosso Brasilzão, esse índice só é alcançado por um outro motivo muito triste chamado ” POBREZA ABSOLUTA”, e não por conscientização, como no japão, por exemplo, onde a unica preocupação é o meio ambiente. Por isso é que o tetra pack só é aproveitado em 20%.
Um dia chegaremos lá, mas não com essa educação pública que se nos apresentam os Brasilienses Planaltinos.
Parabéns pelo seu comentário, Miriam

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