Este livro é um alerta aos contrastes existentes em nosso dia-a-dia: de um lado, enormes desperdícios, de outro, muita carência; a busca obsessiva de lucros que são verdadeiros saques contra o futuro; e uma evolução tecnológica que aproxima seres virtuais e, ao mesmo tempo, isola o ser humano.

Capitulo 1

A próxima revolução industrial

O sombrio sucesso da produção industrial desencadeou duas grandes guinadas intelectuais do final do século XX:

– o fim da Guerra Fria e do Comunismo

– o fim da Guerra contra a Terra e a ascensão do Capitalismo Natural.

O “Capitalismo Industrial” liquida seu próprio capital e chama isso de renda. Os recursos naturais e os sistemas vivos, bem como, os sistemas sociais e culturais são a base do Capital Humano. Os serviços que recebemos dos sistemas vivos não têm substitutos. O capital natural não tem preço e as máquinas são incapazes de substituir a inteligência humana.

Se é difícil computar o valor do capital natural e humano, como podem os governos e os empresários tomar decisões quanto ao uso responsável dos sistemas vivos da Terra? O capitalismos convencional consiste no mercado livre, onde os lucros reinvestidos tornam o trabalho e o capital cada vez mais produtivos, fábricas maiores e mais eficientes, além da preocupação das empresas em alocar pessoas e recursos para o seu uso superior e melhor. O capital natural e o humano têm pouco valor em comparação com o produto final.

No início da revolução industrial, a mão de obra era relativamente escassa (a população total era 1/3 da atual) e os estoques de capital natural eram abundantemente inexplorados. Hoje, a situação é inversa. Enquanto a natureza tornou-se assustadoramente escassa, pois, os recursos naturais foram tratados como bens gratuitos e infinitos, as pessoas foram se multiplicando e passaram a ser um recurso abundante.

Os seres humanos já usam mais da metade da água potável do mundo, fixam mais nitrogênio que todos os sistemas naturais do planeta e se apropriam de dois quintos de toda a produtividade biológica primária terrestre. As tensões ecológicas têm causado diversos problemas e conflitos sociais. Pergunta-se:

– Como seria a nossa economia se valorizássemos todas as formas de capital inclusive o humano e o natural?

– Como seria se o capital humano e o natural fossem computados na contabilidade como um fator de produção finito e valioso e não como artigo supérfluo e inesgotável? Isto será, certamente, a próxima Revolução Industrial.

O capitalismo natural e a possibilidade de um novo sistema industrial são alicerçados em valores diferentes do capitalismo convencional. O livro “Capitalismo Natural” apresenta quatro estratégias centrais de capitalismo natural que são formas dos países, empresas e comunidades operarem, comportando-se como se todas as formas de capital fossem valorizadas. Assim, poderemos evitar a escassez, perpetuar a abundância e estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento social.

 

Capitulo 4

Como Fazer o Mundo

A indústria retira o material, geralmente do solo, e os processa. Os objetos resultantes são distribuídos, vendidos, usados, descartados e, novamente, são jogados sobre o solo ou dentro dele, em forma de lixo. Assim, as mesmas toneladas extraídas do solo como recursos, transformados em bens e distribuídas aos consumidores, voltam a ser expelidas como lixo ou em forma de poluição. Há séculos, os engenheiros procuram reduzir o uso de energia e recursos na indústria. As tecnologias para eliminar o desperdício e melhorar a qualidade do produto se expandem mais depressa do que são aproveitadas, pois, as pessoas e as fábricas não conseguem aprender com a rapidez que deviam. Os métodos de aumento da produtividade da energia e do material na indústria podem ser considerados os seguintes como categorias principais: design, novas tecnologias, controles, cultura empresarial, novos processos e economia de material.

Design

De uma maneira geral, todo equipamento consumidor de energia foi projetado com “regras empíricas e equivocadas”. Uma revolução na eficiência depende não de uma nova tecnologia, mas de uma aplicação mais inteligente. As melhores mudanças são, às vezes, as mais simples. Essas oportunidades simples são abundantes nas indústrias pesadas. Entretanto, pode ser necessário um grito de alerta para mudar o design de certas indústrias mais teimosas. Exemplo: novas geometrias podem dobrar a eficiência das bombas de esgoto e quintuplicar seus aeradores.

Novas Tecnologias

Tudo indica que a inovação não corre perigo de definhar. As tecnologias disponíveis atualmente são capazes de economizar cerca de duas vezes mais eletricidade do que há cinco anos e com um terço de custo. O índice de progresso tem sido consistente nos últimos vinte anos e, aliados às mudanças de design, vêm se tornando cada vez mais decisório. Exemplo disso é o grande avanço da eficiência da energia que utiliza tecnologias cada vez melhores para utilizar mais trabalho de cada unidade de energia e recurso.

Controles

As tecnologias de informação, à medida que as diversas indústrias as vão adotando, possibilitam grandes economias. Os problemas não detectados e não resolvidos causam desperdício. Se as fábricas se tornarem realmente inteligentes, não terão necessidade de sistemas de controle especiais. Ao mesmo tempo, dirigirão processos mais complexos e os ecossistemas autocontrolados se adaptarão às mudanças do meio ambiente. Quanto mais localizados forem os controles e informações, tanto mais precisos serão. Os microprocessadores permitem não só esses controles, mas a construção de redes neurais que aprendem e o uso lógico que toma decisões inteligentes.

Cultura Empresarial

“Uma empresa que funciona qual uma instituição de ensino – recompensando a medição, a monitoração, o pensamento crítico e o aperfeiçoamento contínuo –sempre estará à frente da cultura empresarial…” Uma empresa que ignore a medição ficará atrasada em descobertas úteis e que diminuem os custos. Às vezes, os erros existem e ninguém imagina por quê. Porém as respostas, normalmente, são óbvias. Um exemplo simples foi de um hotel no sudoeste dos Estados Unidos que era fresco e ficou a ficar superaquecido até que um hóspede observou que as paredes antes caiadas haviam sido pintadas de cor escura.

Os Novos Processos

As inovações nos processos de fabricação ajudam a cortar etapas e a reduzir materiais e custos. Melhores resultados são obtidos com o uso de insumos mais baratos e simples. A observação da natureza nos ensina uma lição. Assim como a natureza transforma o solo e a luz do sol em árvores, os insetos em pássaros, o capim em vaca e o leite materno em bebês, nos laboratórios já estão começando a fazer essa alquimia molecular. As tecnologias infinitesimais estão se saindo muito bem nos laboratórios. Mesmo que essa tecnologia infinitesimal não venha ocorrer, uma economia quase tão grande continuará sendo possível se nos concentrarmos na eficiência dos materiais. O biomemetismo pode inspirar não só o design de processos de fabricação específica, como também a estrutura e a função de uma economia. Uma economia ecologicamente reprojetada há de funcionar como um sistema maduro. Como nos lembra Benyus – “Não precisamos inventar um mundo sustentável: isso foi feito”. A única coisa que precisamos é aprender a sustentar o máximo de riqueza com o mínimo de fluxo de material.

A Economia de Material

Se todos precisamos, por exemplo, de copos, vamos pensar quantos copos é preciso fazer por ano? Resposta: o suficiente para acomodar o que se quebre, desgasta ou perde e o necessário para atender o crescimento da população.

 Agora vem a pergunta: quanto tempo esse bem dura? Ele pode ser de cerâmica, plástico ou papel. Se fabricarmos copos de cerâmicas inquebráveis, bonitos, que as pessoas gostem, eles passarão por várias gerações. Além disso, estaremos poupando o consumo de copos de plástico ou papel, permanentemente descartáveis, feito de florestas, gás natural, pássaros, rios…

Hoje, um bom design pode receber o auxílio do design computadorizado que calcula exatamente a quantidade de material a ser utilizado, onde o material precisa ser reforçado, etc. O material deve ser utilizado de forma a não ter sobra alguma de matéria prima utilizada. A produção em forma líquida descortina outra maneira de economizar material. A eliminação das sobras tem as mais diversas formas: maneira de cortar madeiras e tecidos, na construção civil, e outras. O produto mais eficiente para o serviço desejado é outra maneira de economizar material. Exemplo disso é o aço utilizado na construção civil, hoje em dia em muito menos quantidade e com mais confiabilidade.

Os materiais Renascidos

A maneira de fazer com que um bom material continue sendo utilizado é usando uma das seguintes formas: conserto, reutilização, aperfeiçoamento, refabricação e reciclagem. A indústria já despertou para essas várias oportunidades. As fábricas já produzem produtos projetados para facilitar a desmontagem e o descarte. Já temos o incentivo à devolução de embalagens. A próxima fronteira consiste em repensar tudo que consumimos: para que serve, de onde vem e para onde vai, como podemos continuar obtendo seus serviços próximos de um fluxo líquido de absolutamente nada, a não ser ideias.

CAPITALISMO NATURAL – Criando a Próxima Revolução Industrial

Paul HawkenAmory LovinsL. Hunter Lovins

Resumo do livro elaborado por Maria Lúcia Capanema Cáceres

Fonte: http://pt.scribd.com/doc/58243759/Resumo-Livro-Capitalismo-Natural

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