O grupo The Fellowship of the Game (FoG), formado por alunos de graduação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolve jogos para computador visando o aprendizado e a disseminação de conhecimentos nesta área da computação, contribuindo inclusive com o aprendizado de disciplinas de programação. A supervisão é dos professores Fernando Osório, Kalinka Castelo Branco e Moacir Ponti Junior, todos do ICMC. Fundado oficialmente no final de 2008, o grupo sem fins lucrativos possui atualmente cerca de 20 membros que trabalham nas diversas áreas de desenvolvimento dos games.

A professora Kalinka Castelo Branco, uma das coordenadoras do grupo, explica que no momento o FoG está trabalhando em um projeto vinculado à Unicamp, que atende alunos com necessidades especiais com idade entre 12 e 14 anos. O FoG tem desenvolvido jogos para este tipo de público: “Entramos em contato com o pessoal da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Limeira (interior de São Paulo), por meio do grupo de pesquisa EcoEdu Ambiental, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)”, conta. “Neste caso, desenvolvemos um game que será atrativo para alunos com necessidades especiais”.

O Jogo do Lixo foi desenvolvido pelo FoG para o Eco Edu Ambiental, grupo coordenado pela professora Lubienska Cristina Lucas Jaquiê Ribeiro, da Unicamp. Por meio deste jogo, as crianças são educadas de forma lúdica, tratando questões relacionadas com a ecologia e a preservação ambiental”. Com o Jogo do Lixo, o grupo FoG auxilia o projeto EcoEdu na parte de jogos educacionais, “e o que o jogo faz é mostrar aos alunos que quando se recolhe o lixo, a imagem fica mais limpa e bonita, também ensina, por exemplo, que para se recolher o vidro é necessário fazer uso de uma luva,” conclui Kalinka.

O aluno Guilherme Gilbertoni, do 3º ano do curso de Bacharelado em Ciências de Computação, explica que os jogos produzidos pelo grupo são de cunho educativo e possuem código fonte aberto para futuras versões. Sobre os projetos a serem desenvolvidos pelo grupo, os professores explicam que estes se baseiam nas necessidades e interesses dos alunos em aprender determinada área de conhecimento, por exemplo, programação, física, computação gráfica, inteligência artificial, redes de computadores, entre outras.

Integração
“Motivados pelo FoG fizemos um teste junto às disciplinas: Introdução à Ciências da Computação, Sistemas Distribuídos e Computação Gráfica. Desta forma, também os incentivamos a realizar projetos nessas disciplinas utilizando jogos. Foi um sucesso, e o resultado é que muitas vezes o game funciona como um motivador para os alunos”, destaca o professor Fernando Osório, do ICMC. “O game passa a servir como um fator integrador dessas múltiplas disciplinas. Por exemplo, se usa a área de Redes de Computador para fazer um jogo multiplayer, a área de Computação Gráfica para os efeitos, e área de Lógica e Programação para desenvolver a lógica e sequência do jogo”.

Sobre a linguagem utilizada, os professores explicam que as preferidas dos alunos são o C,C++ e o Phyton. O grupo já participou duas vezes do Global Game Jam, competição internacional que ocorre simultaneamente em diversos países. Participa também da Semana de Computação (SemComp) do ICMC e de atividades de extensão universitária, como simpósios, minicursos e palestras.

Os professores explicam que o FoG surgiu como uma iniciativa dos alunos por ser uma área que atrai muitos interessados. “Inicialmente o que os alunos buscavam era um apoio dos professores com relação à questões burocráticas como reservas de salas, equipamentos, servidores que estavam no ar e aconselhamentos. Vieram nos procurar para que fossemos tutores deles”, explica o professor Osório.

A professora Kalinka argumenta que um fato importante é os docentes sempre procuraram não interferir diretamente nas decisões dos alunos, e sim sempre orientá-los e incentivá-los.“No caso, éramos responsáveis por responder administrativamente pelo FoG. De certa forma não queremos interferir nas atividades, mas com o conhecimento que temos, sugerimos e direcionamos atividades e administrativamente respondemos por coisas como servidor, registro de domínio, website, etc.”, ressalta.

Osório aponta que um jogo desse tipo possui muitos componentes, como o projeto do game (gameplay), design (incluindo a parte de multimídia que envolve áudio e imagens), e por fim a programação propriamente dita. “O interessante é que a produção de jogos é multidisciplinar, onde podem participar pessoas de diversas áreas como comunicação, história e psicologia”, conclui.

http://www.usp.br/agen/?p=92814

http://fog.icmc.usp.br/

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