Lester R. Brown foi descrito pelo jornal Washington Post como “um dos mais influentes pensadores do mundo”. O termo sustentabilidade aplicado à causa ambiental surgiu como um conceito tangível na década de 1980 por Lester Brown, que foi o fundador do Wordwatch Institute. Presidente do Earth Policy Institute, fundador do Worldwatch Institute, autor de mais de 50 livros sobre o ambiente traduzidos para 40 idiomas, Brown é uma das vozes mais ativas e ouvidas quando o tema é ecologia.
A recuperação de Gaia, a Mãe Terra, terá de ser feita com urgência e planificação apenas vista em tempos de guerra. É este o principal recado de Plano B 4.0 – Mobilização Para Salvar a Civilização, de Lester Brown.
Brown se alinha com vários autores quando insiste na necessidade de reduzir os níveis de CO2 para uma concentração de 350 partes por milhão. O que se postula é um corte de 80% das emissões até 2020, para que mantenha os níveis até 400 ppm antes de começarmos a reduzi-los. Um desafio e tanto. “Mas como vamos encarar a próxima geração se não tentarmos?”, ele pergunta. E cita como exemplo da possibilidade de realização a reação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial – após sua entrada no conflito, o país viu em seis meses todo seu parque industrial se transformar, num esforço coletivo sem precedentes em tempos modernos.
Basicamente, este esforço se sustentaria em dois eixos. Um deles é o aumento da eficiência no uso da energia, do qual ele cita como exemplo a tecnologia de iluminação, responsável atualmente por 19% do consumo de energia mundial. Lâmpadas fluorescentes compactas, que usam 75% menos energia que as incandescentes, são cada vez mais utilizadas. As de diodo (LEDs) usam 85%. E elas devem ser consideradas em lares, escritórios, fábricas, sinalização e iluminação urbana. Além disso, existe um avançado movimento de fabricantes para levar ao consumidor aparelhos domésticos com consumo mais baixo de energia (com economias de até 12%).
O segundo eixo é a passagem para a adoção de energia renovável – térmica, eólica ou solar -, o que ocorre em escala “inimaginável mesmo dois anos atrás”. O Plano B envolve um programa emergencial para a produção de 3000 gigawatts de energia eólica até 2020, o que seria suficiente para atender 40% da demanda mundial. Isto resultaria na implantação de 1.5 milhão de turbinas de 2 megawatts cada. Intimidador? pergunta ele. Compare isto à produção mundial anual de 70 milhões de carros, que consomem cada vez mais combustíveis feitos com grãos – cujos preços oscilam junto com os petróleo, numa equação perversa.
Sem estes esforços, será impossível erradicar, ou mesmo mitigar, um problema que assola o mundo em vários continentes – a fome endêmica. Além de ceifar milhões de vida, ela provoca alta instabilidade política e destrói estados, como o Iêmen, ou o Congo, colocados à mercê de predadores, e berço de movimentos radicais. A fome e a desnutrição estiveram em baixa por grande parte do século XX. Mas depois de atingirem 825 milhões de pessoas, chegaram a 1 bilhão em 2008. E podem chegar a 1.2 bilhão, até 2015, a continuarem as coisas como estão. Além disso, observa-se o crescente número de países que compram vastas extensões de terra fora de suas fronteiras, e cujas populações cresceram para muito além de suas capacidades de alimentá-las – como Arábia Saudita, Coréia do Sul e China (esta, hoje dona de grandes áreas do Brasil).
Lester Brown não toca a fundo nestas questões, mas seu livro é um precioso conjunto de indicadores para que fiquemos mais alertas e ativos na proteção ao nosso planeta.